"Quando vos empenhais no caminho da
verdadeira evolução, sois semelhantes ao viajante que passa uma fronteira. Como
transportais convosco todo o tipo de bagagens esquisitas, acumuladas ao longo
de milénios, os guardas alfandegários mandam-vos parar e dizem-vos: «Meu amigo,
o caminho é longo e áspero, esses objetos com que estás carregado são
empecilhos, são inúteis e até nocivos; deves deixá-los aqui.» E obrigam-vos a
libertardes-vos daquilo que é pesado, obscuro, e que vos impede de vibrar em
uníssono com a pureza e a luz que quereis atingir.
Esta passagem da fronteira não é fácil,
pois é sempre doloroso renunciar. Mas, uma vez que desejais elevar-vos, deveis
aceitar o preço que isso tem. Perseverai e, em breve, passareis uma outra alfândega,
a fronteira de um outro território, até chegardes completamente libertos a essa
região celeste onde vos fundireis com a nascente da vida eterna."
Mais um excelente texto de Omraam Mikhaël
Aïvanhov que de uma forma muito simples nos explica o
que devemos fazer para evoluir, libertando-nos do lastro emocional que trazemos,
não só o desta vida mas também de outras passadas.
Porém o que à partida parece fácil não o
é de facto no dia-a-dia. É simples e fácil pensar-se que nós não somos as emoções,
pensamentos e sentimentos que vamos gerando ao longo da vida, muitas vezes criados
por egos muito fortes e complexos. Também é simples e fácil de entender que
sendo nós, na nossa essência, apenas LUZ e AMOR, deveria ser igualmente fácil
desapegarmo-nos de todas as essas frequências mais densas e obscuras.
No entanto o Ser não é só a sua essência
Divina, também é um complexo sistema biológico, energizado por uma consciência
e uma alma, que congrega múltiplas moléculas terrenas e as transforma em
células e num ser Humano com um corpo, capaz de processar pensamentos
complexos, criando por isso o seu próprio corpo mental e emocional, com base em
memórias passadas e condicionado por um genoma que é único no Universo, herdado a partir da sua
própria ancestralidade.
Todo o ser Humano tem por base uma
engenharia biológica e bioquímica que condiciona o seu próprio funcionamento,
de alguma forma amarrando-nos a uma realidade baseada em percepções de órgãos
sensoriais muito limitados. Perante ela, a qual acaba por ser uma criação
holográfica própria, a nossa alma espera evoluir criando e desenvolvendo diversas formas de expressar a
sua própria essência de AMOR e LUZ.
São pois as limitações da nossa própria
biologia associadas às nossas memórias que tornam difícil o que afinal parecia
simples. Começando, por exemplo, no princípio de que TODOS somo UM, e que desde
logo temos muita dificuldade em perceber, sobretudo porque somos seres duais e
egocêntricos e que por isso só somos capazes de assumir a nossa
própria individualidade e precisamos de apelar à nossa compaixão para podermos ir mais além.
Isto porque vivemos muitas vidas
passadas em que vivemos todas as imensas ilusões do próprio processo da
evolução civilizacional que nos conduziram às diversas formas perversas de
darwinismo social (esta é a forma pomposa que alguns autores apelidam às
diversas atrocidades e atentados cometidos contra o princípio de: TODOS somos UM, ao
longo da História da Humanidade).
Por isso, quando o autor do texto nos
apela a deixarmos todo este lastro se quisermos evoluir enquanto almas, o que
nos é pedido torna-se muito doloroso pois estamos muito presos a todas estas
memórias e é-nos exigido mudarmos de paradigma racional, que logo à partida
é contra natura e depois acaba também sendo contra a ordem vigente nas diversas
sociedades humanas.
Tudo isto torna-nos por isso peregrinos
numa caminhada de retorno à nossa Essência. Muitas vezes com a sensação de
avançarmos sós e sem termos muitas referências que nos possam servir de guias, mas
não há outra forma. No entanto, quando empreendemos a caminhada, vamos contar
com toda a ajuda Divina, apenas precisarmos de passar a tal “fronteira” que
igualmente nos refere o autor do texto e termos Fé.
É tempo de mudança. É tempo de
empreenderes a tua marcha. E só por já te identificares com este desejo, começa
por te sentires muito AMADO. Aceita que os tais “guardas alfandegários” te
ensinem o caminho do desapego. Depois vem!... Vem daí para este lado da “Fronteira”...
Fica bem...