sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Relacionamentos II


"Vós confiais, considerais uma determinada pessoa como um amigo fiel ou um bom colaborador, mas eis que um dia, por acaso, descobris que, na realidade, ela vos trai, finge e age contra vós… Evidentemente, é uma grande decepção, mas, se tiverdes sabedoria e força suficientes para isso, e sobretudo se compreendestes o que é o amor verdadeiro, não corteis relações com ela, não a censureis, não lhe mostreis sequer que descobristes a sua hipocrisia. Estais atentos para que ela não abuse de vós, mas continuai a agir normalmente em relação a ela, como fazíeis antes.

Não se ganha nada em cortar brutalmente as pontes com uma pessoa próxima ou um colaborador cuja falsidade se acabou de descobrir. Pelo contrário, até se pode ganhar muito tendo uma atitude que talvez lhe permita reconhecer e até reparar os seus erros. A questão está sempre em saber se se quer realmente resolver um assunto delicado de forma duradoura ou somente acertar contas a nível pessoal."

Mais um excelente texto de Omraam Mikhaël Aïvanhov que nos ensina a resolver situações de traição e de abuso, de outra forma que não é muito usual ainda nos nossos dias. 

Normalmente, sob o efeito emocional da grande decepção, a primeira reação é considerar a pessoa como adversária ou até inimiga, tentando isolá-la, cortando relações e chamando-lhe à atenção. Tal normalmente resulta em conflitos, em lutas de egos que nada resolvem e que normalmente só servem para se extremarem posições e haver lugar a mágoas e a ressentimentos.

O que o autor do texto nos ensina é que, com os olhos do AMOR, nunca deveremos de cortar relações perante a hipocrisia e a falsidade detetada. Muito pelo contrário, devemos até estreitá-las de forma a permitir que a pessoa em causa possa reconhecer e reparar os seus erros e assim contribuir para a sua formação e evolução.

Não é de forma alguma ceder e até imolarmo-nos perante a maldade, é antes ficar vigilantes, impor limites de atuação e tentar entender as razões que a movem, pois existem sempre razões que fazem com que essa pessoa seja levada a reagir assim. Para além disso, a vigilância permite atuar muito mais em cima dos acontecimentos, evitando para ambos os lados males maiores e ajudando o outro a reconhecer eventuais erros cometidos no passado até mesmo sem que ele se aperceba.

Nas artes marciais, perante o adversário, pois nunca se assumem inimigos, aprende-se a nunca agir contra e a não resistir. É preferível heroicamente ir-se sempre ao seu encontro e se for caso disso até juntar a sua energia à nossa para aplicar o golpe que possa preservar a nossa posição, levando a ele a reconhecer que o ataque nunca é a melhor arma, ou que as técnicas que usa não são as melhores.

Ir ao encontro seja de quem for que nos queira agredir, trair ou que nos tenha decepcionado, obedece ao mesmo princípio de sabedoria de nunca apresentar resistência a tudo o que nos possa magoar, nem que isso nos leve a dar a outra face como Jesus nos ensinou. 

Mas nunca tal se deve fazer com o sentido da nossa imolação ou sacrifício pois tal corresponderia a um ato de falta de respeito, falta de amor próprio e de assunção da dor e do sofrimento para nós, que é o oposto ao AMOR. 

Não foi esse o sentido com  que Jesus deu a outra face, mas antes, o de ir ao encontro de quem o pretendia agredir, sentindo uma imensa compaixão por ele. É a compaixão e o imenso AMOR que devemos sentir dentro de nós que nos fará reagir assim.

Sintam-se por isso sempre imensamente AMADOS.

Fiquem bem...


(A Mónada)

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