terça-feira, 17 de agosto de 2010

Onde está o nosso AMOR?


"Pode suceder-vos que um amigo pelo qual tínheis muita afeição se torne indiferente para vós e, nessa circunstância, tendes tendência a pensar que isso aconteceu porque ele mudou e perdeu algo daquilo que vos fazia gostar dele. Na realidade, talvez tenhais sido vós que perdestes um elemento que vos permitia apreciá-lo. E isto também sucede, por vezes, na relação entre um discípulo e o seu Mestre. Quando o discípulo é sincero e está animado pelo desejo de se aperfeiçoar, vê a luz e a sabedoria do Mestre. Mas, quando ele tem outros interesses, quando se torna preguiçoso e abandona os seus exercícios espirituais, já não vê o Mestre como via antes.

É preciso, pois, ter um pouco de psicologia para compreender a razão dessas mudanças que se julga observar à sua volta. Muitas vezes, afirma-se que os outros já não são aquilo que eram, mas nessa circunstância há que analisar-se; descobrir-se-á, então, que foi em si mesmo que houve mudanças. "

Mais um excelente texto de Omraam Mikhaël Aïvanhov que nos faz pensar… no que estará por de trás desta sensação de transformação. Será Amor?

De facto quando o Amor se vai, sentimos um nó na garganta, um bolo no estômago. Deixamos de raciocinar coerentemente. O mundo deixa de existir. As coisas deixam de ter importância. Uma dor insuportável, interminável, inexplicável toma conta de todo o nosso ser. Um sofrimento que insiste em estar presente, traz ao pensamento, a todo instante, lembranças do amor que se foi, dos momentos que não voltam mais.

Somos tomados por uma sensação irracional e ingénua de abandono, de falta de protecção. Tudo aquilo que tínhamos como certeza, que classificamos como sagrado e eterno, que foi fruto dos nossos desejos e das nossas estruturas imaginárias, se desmorona. Quando o amor se vai, tudo que se passa já não tem mais graça, nada satisfaz. Ficamos com a fantasia de que deixamos de ser importantes. Sentimo-nos frágeis. Quando amamos, convivemos com uma energia poderosa de solidez tão grande que nem nos passa pela cabeça viver sem ela. Caímos num vazio. Algo se perde. Abre-se um buraco difícil de ser preenchido.

A ideia do amor nos deslumbra e nos confunde com a crença do amor eterno terreno. Nos acena com um paraíso na Terra. Dá-nos certezas e razões. Acreditamos inocentemente que o amor do outro nos dará a possibilidade crescer e que sem a sua presença não conseguiremos mais viver em segurança. Esta crença vem da nossa natureza essencial, quando ainda vivíamos em comunhão com Mãe/Pai.

Seria mais fácil se compreendêssemos que o outro nos encanta, nos completa e traz grandeza, mas não nos transforma. Parecemos melhores ou mais fortes quando amamos, mas é o amor que nos transforma, não o outro. Sem essa compreensão não existe evolução nem transcendência… tornamo-nos dependentes do outro e quando o outro se vai, caímos neste vazio horrível da dor da separação.

Quando o amor se vai, mais que a dor da ausência, da perda, da rejeição, dos detalhes, das lembranças, maior que tudo é a saudade que sentimos de quem somos quando amamos.

Quando o amor se vai, é dele que sentimos mais falta. Por isso, ao invés de massacrares o teu coração, cultiva a tua auto-estima, vê-te como merecedor de um grande amor e abra-te para uma nova oportunidade de amar.

Sente-te sempre profundamente Amado por Mãe/Pai cuja fonte reside em ti… sempre…

Nunca te esqueças que a sensação de isolamento e solidão é uma ilusão… A ilusão do teu Ego sofredor…

Só todo o AMOR que sentires é que é real…

Fica bem

(A Mónada)

Sem comentários: